Como a música pode contribuir para a sua saúde mental

Vivemos um momento atípico em nossa história. A pandemia trouxe uma série de questionamentos e incertezas que nos trazem, muitas vezes, angústias, ansiedade, desânimo, depressão. É preciso cuidados com a nossa saúde física e mental e a música pode contribuir para o alívio destas questões, trazendo equilíbrio mental. Os cientistas já comprovaram que o cérebro tem grande atividade apenas quando se ouve música e que esta atividade é muito intensificada quando se toca um instrumento ou quando cantamos. Manter nosso cérebro ocupado em momentos como este é fundamental.

Neste momento que, em nossa escola, nos vimos sem condições de oferecer aos nossos alunos aulas presenciais, fomos obrigados a utilizar os recursos digitais, as aulas on-line. Esta experiência tem sido rica, pudemos observar as diferenças existentes entre essas duas modalidades e percebemos o quanto as duas são válidas. Alguns alunos demonstraram preferência por aulas presenciais, mas reconheceram que as aulas on-line funcionam também, apenas com a ressalva de que você precisa ter o seu instrumento em casa, se bem que ter um instrumento em casa para estudar e se dedicar é importante até para as aulas presenciais. Se você quer mesmo evoluir, tenha o seu próprio instrumento. Este problema não existe para o canto, já que o nosso instrumento está em nosso próprio corpo. Por outro lado, vários alunos descobriram a sua preferência pelas aulas on-line, pelo conforto de não precisar enfrentar trânsito e poder ficar à vontade em sua própria casa.

No momento em que você faz a sua aula, sua mente se concentra nas notas, dedilhado, ritmo, intensidade, expressividade e tantos detalhes que, sim, levam a uma concentração muito grande, tirando você do passado ou do futuro e te trazendo para o agora. Passamos muito tempo, lamentando o passado ou preocupados com o futuro. Estudar um instrumento ou mesmo cantar, com certeza, trabalha em nossos cérebros uma série de questões. Quando você faz música, precisa organizar uma série de detalhes, cada nota deve ser tocada dentro do tempo correto ou você não conseguirá chegar no resultado esperado. Os estudos são todos organizados e é necessário ter a paciência de repetir trechos em que ocorrem erros até resolvê-los, etapas devem ser seguidas para que alcancemos resultados. Exatamente como deveríamos fazer nas nossas vidas, não acham? E por que não fazemos? Por que atropelamos as coisas? Por que não nos organizamos e estipulamos etapas? Por que não colocamos cada coisa no seu devido lugar como as notas, as pausas, os tempos, os dedos corretos, os compassos e tudo o mais? Por que não organizamos os pensamentos, as atitudes, as palavras, as metas?

Musicoterapeutas consideram que a música com toda a sua organização pode sim ajudar pessoas com problemas de comunicação, com controle de emoções, quando o profissional alia todas as características da música e busca trazê-las para a maneira como lidamos com os nossos problemas, com a nossa realidade. Não se trata de fingir que os problemas não existem, mas buscar caminhos para organizar os pensamentos, para o autoconhecimento e para a resolução de problemas.

O ensino do canto exige muita consciência corporal, muito autoconhecimento, muita dedicação, e por ser um instrumento que se encontra dentro do nosso corpo, sofre as influências de qualquer problema emocional pelo qual estejamos passando. Não é incomum, alunos terem crises de choro durante as aulas, pois quando a carga emocional ou de stress é grande, com o trabalho de respiração e de relaxamento que o canto exige, alguns gatilhos disparam mostrando tensões no corpo que são fruto de questões emocionais. Quando o trabalho é intenso e o aluno passa a ter consciência de quanta tensão ele tem no corpo e como ele precisa ter consciência disso para que consiga o relaxamento, o autoconhecimento acontece. O bom profissional é capaz de orientar seu aluno nestas questões, para que ele consiga cantar bem e possa, além disso, trabalhar suas emoções e seu autoconhecimento.

No momento conturbado em que vivemos, onde as pessoas vivem em conflito com suas emoções, dificultando em muito o convívio e a comunicação, o ensino de música pode servir e muito como um auxílio terapêutico. Tenha momentos como esse apenas para você, momentos em que você possa trabalhar toda a sua concentração, a sua expressão e liberar tensões que te impedem de ter uma visão mais clara dos seus problemas e de como você está conduzindo as suas emoções e a sua vida. Faça música! Estamos aqui para ajudar você!

Tânia Maria de Oliveira

Professora licenciada em Música, Língua Portuguesa e Literatura, Professora de Canto e Piano, especializada em Gestão Cultural e pós-graduanda em Musicoterapia.